FANTAL mulher entre mundos. Artista autodidata e andarilha pelas encruzilhadas entre o urbano e a mata, onde encontra matéria e movimento para compor. E é nesse vagar inevitável pela floresta que pulsa o que penso, sinto e crio. Ali recolho fragmentos orgânicos que ganham forma nas telas através de amarrações e dobras (Shibori e bonecas mágicas), tornando-se superfícies tingidas, estampadas e pintadas.
Com preocupação com relação aos impactos do humano no seu meio, procuro mostrar e vou lenta por caminhos diversos. Traço o que sinto, vejo e vivo no mundo, brincando com o mistério, o movimento, o divino, o imaginário e as relações. Busco meios menos tecnológicos e assim teço pontes que são sustentadas pela dança Contato Improvisação e na literatura de Clarice Lispector, Geni Núñez e Paul Preciado.
Cuidadosamente adequo esse viver com a minha maneira ativista e marginal de intervir na cidade.

Esticando telas

Tecido pós tingimentos com Romã, anil e barro
Jenipapo

Tecido em tingimento

Tecidos tingidos com casca de romã
Esse modo de fazer a arte traz consigo um colocar-se no mundo que questiona e faz pensar no ciclo e na preciosidade da vida. São telas que, assim como nós, têm vida, têm ciclos. Contrapõe a utilização do tempo e da duração das coisas do início ao fim da obra. Não tem um início fixo, ela pode começar no encontrar no meio da mata uma matéria-prima especial que dará início ao tingimento do tecido, e somente ser continuada quando o próximo componente for encontrado e incluso nessa “receita” de tela. O processo segue contínuo, não tem um fim, o ciclo da tela não termina quando a pintura é finalizada. Por ser feito com matéria viva, assim como nós, ela envelhece e se modifica com o tempo. É uma pintura que se modifica e resiste, e que também vive a existência da proximidade dos fins.
Shibori

Esticando telas

Shibori

Macaco feito de amarrações

Barro de MG
Os lugares e florestas onde as matérias-prima são identificadas são também os lugares de uma busca de mim e do desconhecido. Neles, atentamente caminho e encontro plantas, fungos, liquens e terras, que, através de estudo e experimentação, é possível de serem transformados em cor. Cada uma delas é processada ou passa por transformações que resultam em pigmentos e/ou tinturas de cores únicas que trazem consigo sua identidade e comunicam a consciência da sua existência.
O desenvolvimento das telas inicia no tecido de algodão cru orgânico, que passa por processos de limpeza e iniciam-se diversas amarrações como o Shibori (técnica de amarração japonesa). E alternadamente se realizam variadas técnicas de tingimentos e/ou estampas com plantas, cogumelos e barros específicos encontrados pelo Brasil, que possuem cores, tonalidades e histórias.

Shibori

Tingimento de amarrações

Pisolithus sp.

Indigofera sp.

Amarrações formando boneco de Mico-leão-dourado
Alguns exemplos de cor encontradas na natureza que utilizo são a planta Indigofera suffruticosa- que faz o azul anil; o fungo Pisolithus tinctorius- que faz um amarelo; e barros das encostas das estradas do país, que possuem cores diversas como rosas, vermelhos, marrons, ocres, amarelos, pretos, brancos e verdes, dependendo das formação das rochas do local.
Há também as plantas tintórias cultivadas como a romã , o abacate e a calêndula.
Após o processo de tingimento, esse tecido com formas idealizadas é, então, esticado em uma estrutura de tela em madeira e, assim, começa a pintura, que é feita com esses pigmentos misturados ao aglutinante escolhido que é a cera púnica (cera de abelha solúvel em água)- que preparo, compondo minha pesquisa.

Shibori

Indigo

Barro do RS

Barro do RS

Barro de MG

Barro de MG

Barro de SC

Indigo

Jenipapo

Shibori e tingimento

tecido com shibori

Shibori

Indigofera
